Em maio de 2020, no mesmo período que tive Covid-19, a comunidade amish, do condado de Lancaster, na Pensilvânia, nos EUA, começou a ser infectada com o vírus pandêmico. Eles resolveram enfrentar a doença sem abrir mão de seus valores e cultura.
Os amish são cristãos e formam um grupo peculiar. Avessos aos confortos da vida moderna, têm um modo de vida próprio. Basicamente rejeitam o governo. Não gostam do sistema público de educação e muito menos do sistema de saúde.
Quando as notícias sobre o SARS-CoV-2 chegaram à comunidade, decidiram ir na contramão das orientações oficiais. Não implementaram bloqueios, não fizeram campanhas de vacinação, não adotaram os protetores faciais e nem o distanciamento social.
Não abriram mão de seus valores e se apegaram à comunidade, à colaboração, à família, à saúde e suas tradições. Eles adotaram uma abordagem com fortes semelhanças com a Declaração de Great Barrington, com proteção focada nos vulneráveis, mas deixando a vida seguir.
Logo após uma atividade religiosa do grupo, aparecem os primeiros casos de Covid. Em vez de tentar evitar as contaminações, deixaram o vírus seguir sua trajetória. Surgiram alguns casos graves, mas nem todos optaram por hospitais.
A abordagem foi por preservar os laços familiares e as amizades, sem interrupção das atividades. Não há evidências de que houve mais mortes entre os amish do que em outras regiões que adotaram vacinas, lockdown e máscaras.
O que explica esses bons resultados é a imunidade de rebanho. Nos piores momentos da pandemia, em várias partes do mundo, não faltou quem negasse ou atacasse esse conceito. Renomados cientistas, com trabalhos publicados e extensa atividade de pesquisa, afirmaram que duvidar da imunidade de rebanho é tão absurdo quanto negar a lei da gravidade.
Em 25/03/22 um extenso artigo avalia como erramos tanto com a imunidade de rebanho? O autor, o Dr. David Roberson, historiador da ciência e da medicina com foco de pesquisa na história da psiquiatria, epidemiologia e saúde pública, na Princeton University relaciona diversos epidemiologistas e virologistas, experientes e com pesquisas na área, alertando, aconselhando ou recomendando medidas diferentes daquelas adotadas pelos governos nos EUA e Europa desde março de 2020. É curioso e assustador lembrar que a internet e sua memória pródiga, deixarão muitos pesquisadores, cientistas e médicos brasileiros expostos e em posições difíceis de justificar à luz da Ciência e sua História.
Nessa análise há menção a uma entrevista do Dr. Anthony Fauci, no Face the Nation, em maio de 2021, onde sugeriu que indivíduos totalmente vacinados seriam um beco sem saída para o vírus desde que as populações atingissem o “limiar da imunidade de rebanho”. São desinformações como essas que transformaram a vacina na bala de prata para a aquisição da imunidade de rebanho.
Por que a imprensa não trouxe esse debate para seu público?