A combinação de política e ideologia nas redações é comum. Porém, houve um tempo onde a sutileza e a imparcialidade evitavam a militância para não correr o risco de comprometer a qualidade da informação apurada.
A internet deu voz, mas o bom senso, não veio com a mesma rapidez. Nessa imensa Torre de Babel vivemos uma realidade disruptiva, sem freios, com muita informação e pouco conhecimento para extrair delas o que, de fato, é fato. velocidade às pessoas.
A dinâmica desse cenário é um bom enredo para um daqueles filmes hollywoodianos que começa com um personagem visionário, bombardeado por informações e que consegue alinhar as peças, entender o jogo e montar o quebra-cabeças. Ele passará boa parte do filme tentando denunciar a trama. Será perseguido, acusado de louco e ridicularizado com a sua teoria da conspiração. Não tenho idade para isto.
No livro cito três filmes que captam esse clima de paranóia, resistência e heróica resiliência. A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington), de Frank Capra, de 1939. Cidadão Kane (Citizen Kane), de Orson Welles, lançado em 1941. Para completar a trilogia que ajuda a nos localizar nesses dias temos O Show de Truman – O Show da Vida (The Truman Show), de Peter Weir, lançado em 1998.
Em tempos de lockdown, com a circulação restrita, dividia o tempo entre leituras, maratonas de séries e filmes, monitoramento da pandemia e os noticiários. Jornalista por formação, não perdi o senso crítico, nem a curiosidade inerente à profissão.
Passado o susto inicial e me rendendo às limitações básicas da realidade, não demorou muito para entender e avaliar o que ia pela mídia. Estava acostumado com a pouca paciência da imprensa com o governo. Desde o início do mandato havia uma relação tensa com uma boa parte da mídia e que apenas se agravou com o tempo.
Quando a pandemia surgiu, novas divergências apareceram e ajudaram a criar uma tempestade perfeita para opositores que transformaram a crise sanitária numa oportunidade para desqualificar o governo.
Ao confundir Estado e Governo e fazer concessões à verdade dos fatos para sabotar o governo ou apoiar outros interesses, boa parte da imprensa abriu mão de diretrizes básicas do jornalismo. Porém, maior do que questões ideológicas, estava em jogo eram vidas que foram submetidas à desinformação e a instauração do medo em escala global.