Longe dos noticiários da mídia tradicional, uma rede poderosa se articula, resiste à censura e faz a informação circular. Há no Congresso, no STF e no governo quem não acredita na liberdade de pensamento e expressão. Essa não é uma história nova e nem seus desfechos são desconhecidos. Ainda teremos muitas histórias de resistência e resiliência para manter o espírito elevado e a liberdade.
Os recentes episódios da pandemia ilustram essa luta calhorda e covarde daqueles que defendem a censura e a restrição à livre circulação de ideias. Eles não combatem fake news. Defendem a própria percepção de verdade e, na falta de argumentos, apela-se à força. A censura interessa apenas àqueles que temem a verdade. Foi assim com a Covid, que apesar da guerra das Big Pharmas, cancelamento das Big Techs e perseguição dos governos, fez a verdade circular e arejar espíritos e mentes.
Não faltam exemplos dessa resiliência. À margem das grandes plataformas, o Corona Investigative Committe, desde julho de 2020, trouxe e mantém o debate sobre questões relacionadas à pandemia. Resistiu à censura e ao cancelamento promovido pelos laboratórios e plataformas. Lá estão mais de 150 sessões, com temas e informação, que muitos queriam esconder e a imprensa deveria ver.
Quando a Pfizer foi obrigada pela Justiça a entregar aos americanos os documentos que tratavam dos efeitos das vacinas, o laboratório não facilitou a vida de ninguém. A jornalista e escritora Naomi Wolf, conta a aventura para montar o quebra cabeças numa palestra disponível na web.
A Pfizer liberou mais de 55.000 documentos, cada um com cerca de 10.000 páginas. Como administrar toda essa informação e torná-la acessível ao grande público?
Sem a estrutura das grandes redações, foi preciso mobilizar um exército de voluntários, com especialistas das mais diversas áreas. Lá estavam médicos, enfermeiros, biólogos, bioestatísticos, investigadores de fraudes médicas, clínicos de laboratórios, cientistas de investigação, cardiologistas, patologistas, anestesistas, anônimos e famosos.
Graças ao esforço desses abnegados anônimos, que organizaram e interpretaram esse material, constatamos que a Pfizer sabia, desde o início, que as vacinas não parariam a Covid. Um mês após o lançamento, sua ineficácia era um fato. Todas essas informações estão disponíveis no Public Health and Medical Professionals for Transparency.
No segundo mês de vacinação, já estavam recebendo um enorme volume de relatos de eventos adversos. Contrataram 2.400 funcionários só para processar a documentação relativa a esses casos.
Boa parte dessas informações circulava nas redes. Governos e plataformas tratavam isto como fake news e tinham a cumplicidade de parte da mídia. Se a TV, rádio e jornais deixaram de cumprir esse papel, a Internet e seus filhotes ocuparam esse espaço e deram vazão às notícias. É fato que nem sempre ela é de qualidade ou confiável, mas é prerrogativa da audiência avaliar e tomar posição.
Desde março de 2020, o mundo anda dividido sobre o acesso aos fatos e sua interpretação deles. Primeiro, a questão se resumia à circulação de informações diferentes daquelas que governos e veículos tradicionais de imprensa entendiam como verdadeiros. À resistência de gente com opinião diferente, vieram a censura e a proibição de manifestação de ideias diferentes daquelas definidas como as corretas.
A reação natural foi a criação de uma verdadeira rede alternativa, de anônimos solidários e altruístas, que se formou e fez circular a informação que estava proibida. Esse fenômeno é novo e renderá discussões e estudos, muito além do papel simplório de instaurar censura em uma sociedade democrática e cada vez mais tecnológica.
A Covid-19 ilustra bem esse processo. Entre negacionistas e teóricos da conspiração sobram iluminados. A melhor maneira de fazer a verdade triunfar é promover o debate, com bons argumentos, e garantir a livre circulação de ideias, para ajudar as pessoas a formarem suas próprias opiniões. Quando você restringe a circulação dessas ideias, feito a água, elas transbordam ou como vendaval, são capazes de tudo arrasar.
A pandemia, há tempos, tem um status endêmico e sua letalidade deixou de ser um problema grave e urgente. Apesar disto, governos e mídia, numa união improvável, alimentam o medo em parte da população e colocam em risco sua combalida credibilidade.
As questões relativas à ciência e medicina dividem, cada vez menos, a opinião de especialistas. Todavia, parte da imprensa insiste na manutenção de informações duvidosas ou superadas. O que afasta o problema da ciência e o leva para a política.
No final de fevereiro, o Governo retomou a campanha de vacinação contra a Covid. Isto quando boa parte do mundo já discutia intensamente os efeitos produzidos pelas vacinas e deixou de recomendá-las, a não ser em casos específicos.
O jornalismo, em outros tempos, teria o dever ético e moral de informar. Mas agora, com percepções distorcidas da realidade, algumas dessas regras não se aplicam mais à busca da verdade.
Assim, uma reportagem apresentada no Jornal Nacional, edição do dia 31/03/2023, traz uma versão da realidade, que ignora princípios básicos do jornalismo. O repórter, apoiado em uma pesquisa do Netlab, da UFRJ, constata um aumento de fake news contra a vacina da Covid, após a retomada da campanha do Governo.
Lamentável que a reportagem trate como fake news eventos adversos, documentados e disponíveis. A diretora do Netlab, Marie Santini, coordenadora da pesquisa, define a resistência à vacina como movimento articulado. Como a lei de censura lida com esses fatos?
Na mesma reportagem, um depoimento da presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, afirma, sem constrangimento, que a vacina não causa problemas cardíacos.
Por princípio, o repórter experiente, André Trigueiro, deveria contrapor fatos e trazer o outro lado. Mas como os jornalistas hoje não testemunham, mas interpretam fatos e narram sua percepção da realidade, ficamos sem saber que, por exemplo, a própria ANVISA alertou sobre os riscos de miocardite e pericardite, no ano passado.
Para efeito de informação, seria útil saber que, na palestra de Wolf, proferida em 6 de março, em Hillsdale, ela informa que a Pfizer e o FDA sabiam, desde maio de 2021, que as vacinas já haviam causados danos cardíacos em 35 menores, logo após a primeira dose. Do mesmo modo, ao contrário do que foi informado, o CDC também sabia que as nanopartículas lipídicas eram ‘biodistribuídas’ pelo corpo em 48 horas.
O repórter poderia compartilhar essas informações com a pesquisadora da Fiocruz para saber se mantinha sua opinião? Talvez devesse questionar a veracidade dos dados disponíveis nos documentos da Pfizer, que registraram mais de 42.000 eventos adversos registrados até o ano passado?
Se o repórter fosse curioso, trocaria o ‘palpite‘ da diretora do Netlab por informação embasada, com números e dados sobre essas ‘redes lucrativas’. Melhor ainda se comparasse o aumento das verbas de marketing das Big Pharma dedicadas à propaganda na mídia, distribuídas aos influencers nas redes sociais ou para o patrocínio de convenções e seminários das associações médicas ou sociedades científicas.
As redes sociais e a Internet aceleraram a circulação da informação. Esse mundo rápido e acessível tem mais gente falando e isto aumenta a quantidade de idiotices expostas. Censura, cancelamentos, restrição da liberdade de expressão e pensamento, no entanto, apenas alimentam a estratégia truculenta dos idiotas. Essa guerra se vence com mais informação, mais argumentos e mais transparência sempre.