O tempo é senhor da razão?
Discutir a razão será sempre um prato cheio para polemistas, filósofos, acadêmicos, pesquisadores e até jornalistas. O que o tempo pode fazer é revelar verdades e o julgamento fica por conta da História. Mais do que narrativas e fatos, o tempo nos revela o melhor e o pior da espécie humana.
A censura, o assassinato de reputações e os cancelamentos, que assistimos desde o advento da pandemia, merecem atenção porque expuseram os riscos que corremos nesse mundo digital, afoito e superficial, capaz de dar voz à imbecis – às vezes ingênuos, noutras, apenas aproveitadores.
Obcecado com o futuro e os avanços da tecnologia, esquecemos lições do passado, fundamentais à formação do nosso caráter. O escritor francês do século XVII, Jean La Fontaine tem duas fábulas – A Águia e a Coruja, O Lobo e o Cordeiro. Por trás desses textos, estão lições sobre como o tempo expõe a verdade e como a arrogância nos faz esquecer que tudo tem consequências.
Agora, entre a resistência aos fatos e o temor de suas consequências, o tempo impõe a verdade e destrói as narrativas. Se a Internet foi cruel ao promover chacinas virtuais de reputações, deixou exposto todos os algozes desses espetáculos bizarros.
O debate que se iniciou com o anúncio da Covid-19 revelou que profissionais de conhecimento limitado existem em todas as áreas. Mas deu visibilidade a oportunistas ingênuos e espertos ocasionais, dispostos a abraçar qualquer explicação ou discurso. Muitos colocaram suas ambições pessoais à frente da responsabilidade ética com a verdade, negaram o legado da ciência e abraçaram explicações frágeis.
Por mais que o SARS-CoV-2 fosse uma ‘novidade’, um vírus ‘desconhecido’, havia indícios e evidências que diversos cientistas reconheciam, bem como a maneira de lidar com a previsível epidemia.
Acabaram censurados, silenciados e expostos como párias, em julgamentos sumários, como são esses cancelamentos virtuais.
Para isto, contaram com a imprensa e redes sociais articuladas, devidamente monitoradas e moderadas, com amplo apoio das plataformas digitais. As revelações do Twitter Files mostram ações coordenadas e planejadas nesse processo.
Os depoimentos no Senado americano são uma sucessão de escândalos. Muito além do dinheiro, expõe a fraqueza de caráter do ser humano, em tempos de sociedades virtuosas e slogans politicamente corretos.
A prestigiada Stanford University abriga núcleos de monitoramento e estudos das redes digitais. O que não se sabia é que seu Virality Project orientava as Big Tech no controle de conteúdos, em parceria com o governo americano. Tudo alinhado aos interesses das Big Pharma, que já haviam tratado do poder viral das redes, pasmem, em 2011!
Nossa CPI da Pandemia, politiqueira e militante, passou longe da verdade. Como nas fábulas de La Fontaine, o tempo se encarrega de trazer a verdade e revelar a soberba dos políticos levianos, confirmando a completa ausência de caráter ou compromisso com seus eleitores.
Para sustentar essas narrativas, uma verdadeira rede de colaboradores se estabeleceu. Interessante notar a flacidez ética e moral de alguns desses personagens. Profissionais experientes como Dr. Drauzio Varella, Dr. Roberto Kalil e Dr. David Uip mudaram o discurso inicial.
Arrivistas e oportunistas caíram nas graças da imprensa e emprestaram credibilidade para informações travestidas de ‘ciência‘, sob o manto da autoridade acadêmica.
Foi assim que o divulgador científico, Átila Iamarino se transformou no arauto do pânico, com afirmações absurdas, e virou estrela em podcasts e programas de TV. Inacreditável como jornalistas, embora as informações estivessem disponíveis, não questionaram os números infames.
A microbiologista Natália Pasternak agora apagou sua conta no Twitter. Mas essa plataforma ajudou a ganhar espaço na mídia, embora existissem dúvidas sobre eventual conflito de interesses entre seu instituto e suas opiniões. Ela foi didática na CPI e mostrou indignação teatral na TV Cultura.
Na guerra para instaurar o terror, não faltaram sub-celebridades. Além do cinismo do ‘fique em casa‘, com anuência de jornais e jornalistas que não fizeram seu trabalho com qualidade, alguns governos, como a Prefeitura de São Paulo, contribuíram para disseminar o medo. Usaram a voz de arrivistas de ocasião, como a Dra. Telma Assis, a ‘famosa’ @thelminha do BBB, em campanhas publicitárias.
A imprensa ainda resiste aos fatos. Não fez seu trabalho, deu caráter de ‘ciência‘ à informações de fontes duvidosas, sem a devida apuração, e agora tem sua credibilidade irremediavelmente arranhada. Alguns políticos e acadêmicos, por outras razões, insistem nas narrativas que o tempo mostrou não ter embasamento lógico e científico.
Na Europa e EUA, a discussão está noutro nível. O Dr. Anthony Fauci, bem como FDA, CDC, NIAID, NIH e outras autarquias americanas, responsáveis pela área da saúde, vão tendo expostos seus malfeitos e responsabilidades nessa crise sanitária.
Um grupo de cientistas eméritos, que se reúne desde 2022, publicou um documento trazendo questionamentos sobre a atuação do governo americano. Eles apontam falhas no enfrentamento à pandemia, desde seu início, em 2020, e nunca corrigidos.
O documento, disponível no Norfolk Group, traz 10 perguntas específicas, dirigidas às autoridades públicas, funcionários do governo, departamentos estaduais de saúde, cientistas, pesquisadores e à imprensa. O público americano, de acordo com o documento, merece respostas.
Você tem alguma dúvida de que merecemos respostas das nossas autoridades, colaboradores e mídia?